By Caroline Salazar
Eu jamais imaginei que ter endometriose acarretaria em sérias mudanças no meu dia a dia. Quando eu era mais nova e morava com a minha mãe, eu nunca fui acostumada a fazer tarefas domésticas. Mas as vezes, eu fazia estas tarefas. Confesso que odeio cozinhar, lavar pratos e faxinar a casa. Agora a rotina mudou e as vezes a minha ajudante precisa faltar. Como eu tinha muita dor antes da cirurgia e continuo com dores, após a faxina era apenas mais uma ‘das minhas dores’. Quando se fala sobre a gravidade da doença, não é somente pelas dores, porque a doença tem um comportamento maligno, por ela ser crônica e progressiva ou por conta da pelve congelada. É pelo simples fato de a endometriose mudar toda a rotina da mulher. As simples tarefas do dia a dia, como limpar a casa e cozinhar, são quase impossíveis de fazê-las. Digo quase impossível para não dizer inexecutável mesmo. É que nós teimamos em fazê-las, pois muitas pessoas ao nosso redor não entendem quando dizemos ‘não consigo mais limpar a casa, não consigo mais fazer isso e aquilo’. Aí para não acharem que não queremos fazê-las ou que estamos com preguiça, fazemos mesmo sabendo que depois pagaremos um alto preço por isso. O preço: as nossas terríveis dores. Ontem, sábado, aconteceu isto comigo. Fui teimar em lavar banheiro, limpar a cozinha e me ferrei. Resultado? Não consegui terminar de limpar toda a casa, só parte dela, de tanta dor que comecei a sentir. Tomei nimesulida e torsilax, mas nada. Estou até hoje com dor, em pleno domingão. Acho que vou tomar o meu último comprimido de tylex. Infelizmente, não conseguimos nem pegar muito peso. Como a doença é crônica e progressiva, não podemos fazer esses esforços. E não vou fazê-los mais. Não é o outro que manda fazer que vai sentir as nossas dores horrorosas. Aliás, eu gostaria muito que estas pessoas sentissem pelo menos, por um dia, ou seja, 24 horas as nossas dores. Eu tô fora, pois não posso arriscar meu futuro. Se eu continuar a fazer certos esforços, não só terei as conseqüências agora, como daqui a alguns bons anos. E aí, quem vai sofrer por mim? Ninguém... Isso mostra o quanto o ser humano é egoísta. Como disse o meu querido Amigo André, quando nos falamos esta semana, o ser humano é podre. Eu concordo com ele. Podre, egoísta, só pensa em dinheiro, é invejoso, pra mim, um nojo. Tal qual como aquele que não cumprimenta as pessoas, que decide por fim num namoro sem ouvir o outro, aquele que finge ser seu amigo, mas é falso, aquele que só olha pro próprio umbigo, aquele que não se coloca na pele do outro, etc.
Adaptado por Elizabeth Souza
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